quarta-feira, 26 de agosto de 2015

RN tem a menor proporção de PMs mulheres do Brasil, aponta IBGE


Soldado Claudiane, sargento Luciene, soldado Janaína e o único carro disponível para o policiamento em Natal (Foto: Divulgação/Polícia Militar do RN)

O Rio Grande do Norte é o estado brasileiro com a menor proporção de mulheres trabalhando na Polícia Militar. Na pesquisa 'O Perfil dos Estados e dos Municípios Brasileiros 2014', o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) aponta que dos 8.926 policiais militares do RN, apenas 209 eram do sexo feminino em 2014, o que totalizava 2,3%. O estado é seguido por Ceará e Maranhão, com proporções de 3% e 5,7%, respectivamente.

O número se reflete nas dificuldades encontradas pelo Companhia Feminina da Polícia Militar nas ruas. São 34 PMs, entre praças e oficiais, para cobrir toda a Grande Natal, segundo a comandante da companhia, capitã Soraya Bezerril. Na capital potiguar, um carro cuida do policiamento nas quatro zonas administrativas. Os chamados são principalmente para revistas em mulheres suspeitas de crimes. As policiais também são convocadas frequentemente para jogos de futebol, protestos de rua, guardas de prisões e revistas em presídios.

"Já houve casos de não podermos atender chamado do policiamento masculino por sabermos da nossa limitação", revela a sargento Luciene Lopes, uma das PMs responsáveis pelo policiamento de rua em Natal.

A sargento Luciene foi uma das policiais convocadas para participar da operação Dama de Espadas, deflagrada na semana passada pelo Ministério Público com apoio da PM. "Fomos convocadas às 4h e participamos do cumprimento de mandados de busca e apreensão nas casas de duas acusadas", detalha. A operação investiga um esquema criminoso de desvio de recursos públicos na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte.

Com 23 anos de Polícia Militar, Luciene afirma nunca ter sofrido preconceito na corporação por ser mulher, porém reivindica um efetivo maior e um papel mais ativo para as policiais.

"Não estou feliz porque não temos efetivo. E também precisamos progredir mais. Há casos que temos capacidade de resolver e se for necessário reforço, chamamos. Estamos nas ruas e somos todas competentes. As últimas mulheres entraram em 2004. Não há concurso e os homens são priorizados ", desabafa.

Antes de entrar para a PM, em 1992, a sargento era monitora de produção em uma fábrica têxtil. "Trabalhei dez anos lá. A primeira vez que vi uma mulher de farda fiquei louca e queria aquilo para mim. No concurso de 1990 estava grávida e não fiz. Passei em 92", lembra Luciene.

Além da parte operacional, a capitão Soraya detalha que o efetivo de policiais militares está distribuído nas áreas de saúde, com o hospital da corporação; na educação, com projetos como Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência (Proerd) e Companhia Independente de Prevenção ao Uso de Drogas (Cipred); e no trânsito, com o Comando de Policiamento Rodoviário Estadual (CPRE).

Embora reconheça o efetivo insuficiente, a comandante da Companhia Feminina da Polícia Militar é otimista sobre a evolução das mulheres na corporação. "Tenho a visão que cada vez ocupemos mais espaço nos doando e fazendo o nosso trabalho da melhor forma possível", opina a capitã.

Fonte:G1/RN

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