Paredes arrombadas, portões derrubados, grades de celas arrancadas, beliches de concreto quebrados, corredores cobertos por fuligem, restos de colchões e lençóis incendiados, lajes e tetos destelhados, pedras e cacos para todos os lados. Toda essa destruição, que aparece em vídeos gravados pela câmera de um aparelho celular, é apenas parte dos danos causados pelos presos durante a rebelião ocorrida no início desta semana na Penitenciária Estadual Desembargador Francisco Pereira da Nóbrega, o Pereirão, que fica em Caicó, na região Seridó potiguar.
Durval Franco, coordenador da Administração Penitenciária, disse que a Secretaria de Justiça e Cidadania (Sejuc) ainda avalia os danos causados pelos presos.
O G1 teve acesso exclusivo às imagens (veja o vídeo acima). Além das gravações, fotografias também mostram como ficou o pavilhão E, onde mais de 70 homens subiram no telhado em busca de abrigo. A ala, até então ocupada por membros de uma facção criminosa, foi alvo de um ataque no qual participaram mais de 200 presos que fazem parte de uma facção rival. Uma é dissidente da outra. E ambas vêm medindo forças e se digladiando desde o dia 16, quando quatro detentos foram mortos na Cadeia Pública de Caraúbas, na região Oeste do estado.
Depois disso, ocorreram novos confrontos. No dia 18, um preso foi morto no Presídio Rogério Coutinho Madruga, na Grande Natal. Já na manhã da segunda-feira (24), no próprio Pereirão,um interno também foi assassinado, o que causou a revolta e a tentativa de vingança por parte de uma das facções.
Além destes seis presos executados em confrontos, a polícia inda investiga a possibilidade de outros dois detentos terem sido assassinados em razão dos conflitos. Na madrugada da segunda, um preso foi encontrado morto dependurado pelo pescoço dentro do Presídio Provisório Raimundo Nonato, na Zona Norte de Natal. No dia seguinte, um outro presidiário também foi achado enforcado com um cobertor em uma das celas do Centro de Detenção Provisória do Potengi, que também fica na Zona Norte da capital potiguar.
O dia amanheceu e os presos do Pavilhão E ainda se defendiam em cima do telhado (Foto: Divulgação/Polícia Militar)
Refúgio no pavilhão E
Os 70 presos do pavilhão E escaparam do ataque usando as telhas do prédio como escudos. Antes de se refugiarem sobre a laje, foram feitas barricadas com colchões e lençóis queimados. O fogo impediu a passagem dos rivais. De longe, pedras e cacos de telha e tijolos eram arremessados pelo grupo inimigo. Para conseguir 'munição', os detentos puseram parte de paredes abaixo e abriram buracos no teto. Não houve confronto corpo-a-corpo, mas o conflito – mesmo que à distância – durou a noite e madrugada inteiras.
Dentro e fora dos pavilhões o cenário é o mesmo: destruição (Foto: G1/RN)
Vizinhos do presídio ficaram amedrontados. Do lado de fora, policiais militares e agentes penitenciários esperaram o dia amanhecer para agir. O controle da unidade só foi retomado por volta das 7h.
Dentro dos pavilhões, beliches feitos de concreto também foram destruídos e grades das celas arrancadas das paredes (Foto: G1/RN)
Segundo relato de agentes do Pereirão, o pavilhão D, que é feminino, foi o único que não sofreu depredação. No pavilhão A a fuligem tomou conta das paredes e duas grades foram arrancadas. Nos pavilhões B e C, que possui 15 celas em cada, todas as grades foram arrancadas. Já no pavilhão E, o mais danificado, o prédio chegou a ser avaliado por engenheiros que cogitaram a possibilidade de demolição, mas a princípio o local ainda tem estrutura suficiente para permanecer de pé de deve ser mais uma vez recuperado.
O Pereirão também foi uma das 14 unidades depredadas durante uma onda de rebeliões que afetou o sistema carcerário potiguar durante o mês de março deste ano. O Pereirão, inclusive, foi um dos mais danificados. Depois dos motins, o governo do estado decretou situação de calamidade no sistema penitenciário e a Força Nacional foi enviada para reforçar a segurança nos presídios.
Fonte:G1/RN
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