sábado, 14 de fevereiro de 2015

PF vai investigar origem de boato

O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, determinou ontem à Polícia Federal a apuração sobre a origem de boatos difundidos nas redes sociais de que o governo faria um congelamento do dinheiro depositado na caderneta de poupança. A Caixa Econômica Federal havia pedido auxílio à PF. Representantes da área jurídica do banco tratam do caso com os policiais federais.

Apesar do boato de confisco da poupança a Caixa disse não ter havido movimento atípico de saques

Os boatos surgiram há alguns dias pelo serviço de mensagens WhatsApp no momento em que a presidente Dilma Rousseff começa a sofrer resistências mais fortes às medidas de ajuste das contas públicas, que estão impondo aumento de impostos, tarifaço de energia elétrica e regras restritivas ao acesso dos trabalhadores a benefícios sociais e trabalhistas.

Preocupado com o potencial prejuízo do caso, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, divulgou ontem comunicado oficial informando que não procedem as informações de que haveria risco de confisco da poupança ou de outras aplicações financeiras. “Tais informações são totalmente desprovidas de fundamento, não se conformando com a política econômica de transparência e a valorização do aumento da taxa de poupança de nossa sociedade, promovida pelo governo, através do Ministério da Fazenda”.

Fontes da área econômica informaram que a Caixa não identificou nenhum movimento atípico de saque na poupança, além do que era esperado para o período de véspera do feriado de Carnaval. A decisão no governo foi a de concentrar no Ministério da Fazenda a estratégia de evitar que as especulações se espalhassem. “Tratamos de matar no nascedouro essas informações mentirosas”, disse uma fonte do governo.

Boato
Nas redes sociais, se espalhou a falsa informação de que o governo estaria congelando as contas poupança por motivo “econômico do Brasil”. Nas mensagens, usuários da rede afirmam que o Palácio do Planalto anunciaria a retenção do dinheiro depositado na poupança a partir da quarta-feira de cinzas, dia 18.

Segundo apurou o Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, a área de monitoramento da pasta acompanhou o crescimento das mensagens no Twitter e também no WhatsApp, concluindo que o boato deveria “ser morto no nascedouro”. Para isso, a Fazenda optou por divulgar uma nota oficial à imprensa, embora nenhum veículo de comunicação tivesse reproduzido os boatos.

A nota da Fazenda acabou aumentando o número de mensagens no Twitter. Apesar do aumento, a boataria sobre o confisco não aparecem entre os temas mais comentados do Twitter no Brasil. Em uma das mensagens, um usuário da rede social usa um perfil que ele mesmo afirma ser falso “por segurança” para dizer que a “Federação dos Bancos do Estado Brasileiro” - que não existe - autorizou a Caixa a “congelar” a poupança de seus clientes. Os boatos que circularam sugerem os poupadores que procurem o “gerente da Caixa Econômica do Brasil (sic)”.

Em 1990 houve um confisco da poupança no Brasil. A ação foi comandada pela então ministra da Fazenda, Zélia Cardoso de Mello, no início do governo Fernando Collor de Mello. Na época, foram bloqueadas a poupança e todas as aplicações financeiras acima de NCZ$ 50 mil (cruzados novos) - cerca de R$ 6 mil. Agora, o governo Dilma nega que esteja planejando um novo confisco.

Bolsa família
Em maio de 2013, boatos sobre o fim do programa Bolsa Família espalhado pelas redes sociais levaram milhares de beneficiários do programa às agências da Caixa em vários Estados do País. Os boatos fizeram com que a Caixa, responsável pela gestão do Bolsa Família, admitisse depois que antecipou o pagamento do benefício, na véspera dos boatos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário